segunda-feira, 11 de maio de 2009

PANORAMA ESCATOLÓGICO DO LIVRO DE APOCALIPSE

INTRODUÇÃO

O livro do apocalipse é de difícil compreensão, pois o mesmo está cheio de figuras, tipos e simbolismos, causando divergências entre os teólogos ao interpretá-lo. Há quatro escolas de interpretação do livro do apocalipse:
A Escola Preterista
A Escola Histórica
A Escola Idealista ou Espiritual, e
A Escola Futurista

Creio que a Escola que mais se aproxima da interpretação correta do apocalipse é a Futurista. Ela se divide em duas correntes escatológicas, que são: Os Dispensacionalistas e os Pré-milenistas clássicos. Particularmente, não comungo integralmente com nenhuma das duas correntes, pois discordo de alguns pontos de vistas de ambos (o que será visto no decorrer do estudo), todavia a maior parte da minha crença apocalíptica está contida nestas duas correntes teológicas.

1) AS CARTAS ÀS SETE IGREJAS DA ÁSIA:

Nas cartas às sete igrejas da Ásia pode-se ver claramente que o propósito imediato é a repreensão e o incentivo ao arrependimento às igrejas que estavam vivendo de maneira relaxada e desobediente à palavra de Deus. Por outro lado, visava também a elogios e promessas de galardões às igrejas fiéis. Todavia, é oportuno dizer que nestas cartas há instruções, advertências e edificação espiritual para crentes e igrejas da presente era. Dentre as promessas que Cristo faz às igrejas da Ásia, podemos salientar a da igreja de Filadélfia, que diz: “Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra” (Ap 3.10).

Os Pré-milenistas Clássicos dizem que a Igreja passará pela Grande Tribulação, pois esta será uma forma de purificar a Igreja, que se encontra em apostasia. Tendo em vista outros textos bíblicos e esta promessa de Jesus à igreja de Filadélfia, que considero o símbolo e a representação da Igreja fiel de nossos dias, discordo da posição dos Pré-milenistas Clássicos.

Em primeiro lugar, sabemos que a Grande Tribulação será a manifestação do início da ira, condenação e juízo de Deus contra o pecado e toda a maldade humana. Entretanto a palavra de Deus nos ensina claramente que não existe qualquer condenação para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1), e que os mesmos serão livres da ira futura (I Ts 1.10). Nego-me a crer também que a Igreja precise passar pela Grande Tribulação para ser purificada, pois nada pode purificar a Igreja se não o sangue de Jesus (I Jo 1.7) O máximo que a Grande Tribulação provocaria na Igreja seria a separação do joio entre o trigo, pois muitos dos que se dizem crentes hoje certamente negariam a fé, e os crentes verdadeiros seriam conhecidos.

2) A VISÃO DA ADORAÇÃO NO CÉU E A ABERTURA DOS SETE SELOS:

Para os que crêem que a Igreja passará pela Grande Tribulação é fácil interpretar (Ap 4.1) como não tendo a mínima ligação com o Arrebatamento da Igreja. Porém para nós, os que cremos ao contrário, por mais que este texto não revele diretamente tal coisa, há uma ligação com o Arrebatamento da Igreja, pelas seguintes razões: A partir de Apocalipse 4.1 não ocorre mais a palavra “Igreja” ou “Igrejas” até Apocalipse 22.16. A Noiva de Cristo (a Igreja) só aparece no capítulo 19, já com Cristo no céu, antes dele voltar a Terra para implantar o seu Reino Milenar. A promessa dada a Igreja de Filadélfia de preservá-la da hora da tribulação em escala mundial pertence a todos os crentes que permanecerem leais a Cristo antes da Grande Tribulação.

Sobre a abertura dos Sete selos, é o início da Grande Tribulação que vai se desenvolvendo na medida em que os selos vão sendo abertos. Os quatro primeiros selos iniciam o juízo de Deus sobre a Terra, o quinto selo registra os crentes que morreram no período da Grande Tribulação por não negarem a fé em Jesus, o sexto selo marca uma grande catástrofe física-cósmica. Antes de se abrir o sétimo Selo, deparamo-nos com o evento dos 144.000, que muitos não crêem que se refiram às tribos de Israel propriamente ditas, pois as tribos do Reino do Norte foram dispersas no cativeiro assírio, espalhando-se e misturando-se com os gentios, ficando, assim, impossível de identificá-las. Considerando que quem vai selar os 144.000 não é homem e sim anjos, enviados por Deus para fazer tal serviço, acredito na interpretação literal do texto, haja vista que para Deus nada é impossível. Os 144.000 salvos de Israel, mais uma gigantesca multidão de salvos de todas as nações, tribos, povos e línguas, estarão unidos no mesmo propósito de pregarem o Evangelho de Jesus no período da Grande Tribulação.

AS TROMBETAS Na abertura do sétimo selo, inicia-se os juízos das sete trombetas. As quatro primeiras estão ligadas à destruição da natureza. A quinta, permite aos demônios atormentar a todos os ímpios por cinco meses sem matá-los. A sexta, a morte da terça parte dos homens por um grande exército, provavelmente de demônios. Antes do sétimo anjo tocar a trombeta, é narrado a respeito das Duas Testemunhas, que resistiram por três anos e seis meses ao Anticristo, pregando o Evangelho com sinais e maravilhas. Há quem diga que estas duas testemunhas são a Igreja constituída dos 144.000 salvos de Israel, mais os salvos de todas as nações, tribos, povos e línguas, no entanto o texto bíblico fala de duas pessoas e não de uma multidão. A sétima trombeta é tocada e é anunciado o estabelecimento do Reino Milenar de Cristo.

3) AVISÃO DA MULHER, O DRAGÃO E AS BESTAS:

A mulher é Israel, o dragão é Satanás, e o filho varão é Jesus Cristo, que foi recebido no céu após a sua ressurreição. A besta que subiu do mar é o Anticristo, que terá o governo do mundo, pois o dragão, satanás, lhe dará o seu poder. A besta que subiu da terra é o falso profeta, que com o mesmo poder da primeira besta, fará sinais e maravilhas para enganar o mundo e obrigar a todos a adorar a primeira besta, o Anticristo, matando a quem recusar adorá-lo.

4) OS 144.000 NO PARAÍSO:

Esses 144.000 são os mesmos de Apocalipse 7.4.

5) TRÊS VOZES DE ANJO:

O primeiro anjo anuncia o Evangelho de Jesus aos que habitam na terra, com o objetivo de convertê-los a adorar a Deus e não ao Anticristo. O mesmo Evangelho que pregamos hoje será pregado no período da Grande Tribulação, quer pelos salvos de todo o mundo (inclusive Israel), quer por este anjo de Apocalipse 14.1, pois não creio na existência de dois Evangelhos, como alguns afirmam, isto é, evangelho do reino e evangelho da graça.

Quero abrir um rápido parêntese, e com poucas palavras (pois não é oportuno detalhar tudo aqui) fundamentar a minha crença pela palavra de Deus. Os que crêem na existência de dois Evangelhos dizem que Há o Evangelho do Reino e o Evangelho da Graça. Muitos ainda cometem o absurdo em afirmar que somente Mateus falou do Evangelho do Reino, já que ele escreveu aos Judeus, e citam Mateus 24.14, que é sinóptico com Marcos 13.10. Esquecem-se ou desconhecem que Marcos e Lucas, que não foram escritos para os Judeus, dizem a mesma coisa que Mateus a respeito do Evangelho do Reino, que foi pregado por Jesus e seus discípulos antes da morte e ressurreição de Cristo, haja vista que Mateus, Marcos e Lucas são sinópticos (Mc 1.14 sinóptico com Mat 4.17 Lc 4.43 sinóptico com Mt 4.23 etc.). Os que defendem esta tese dizem ainda que o Evangelho que os discípulos pregaram após a ascensão de Cristo é o Evangelho da Graça, que é diferente do Evangelho que Jesus pregou, o Evangelho do Reino. Porém, Jesus após a sua ressurreição, passou 40 dias instruindo os seus discípulos a respeito do “Reino de Deus” (At 1.3). Filipe e Paulo pregaram o Evangelho (ou seja, as boas novas) do “Reino de Deus” (At 8.1219.8 28.23,31). Em Hebreus 2.1-4, diz que o Evangelho que ouvimos para a nossa salvação começou a ser anunciado por Jesus, e depois por aqueles que dele ouviram. Os discípulos pregavam o Evangelho que tinham aprendido com Jesus (At 20.24,25), por mais que este tivesse vários nomes: &9658 Evangelho do Reino (Mt 4.3) &9658 Evangelho (Mt 11.5) &9658 Evangelho de Jesus Cristo (Mc 1.1) &9658 Evangelho do Reino de Deus (Lc 4.43) &9658 Evangelho da Graça de Deus (At 20.23) &9658 Evangelho de Deus (Rm 1.1) &9658 Evangelho de Cristo (I Co 9.18) &9658 Evangelho de Paulo (Rm 2.16 II Co 4.3) &9658 Evangelho da Incircunsisão (Gl 2.7-a) &9658 Evangelho da Circunsisão (Gl 2.7-b) &9658 Evangelho da Vossa Salvação (Ef 1.13) &9658 Evangelho das Insondavéis Riquezas de Cristo (Ef 3.8) &9658 Evangelho da vossa Salvação (Ef 6.15) &9658 Evangelho da Glória do Deus Bendito (I Tm 1.11) &9658 Evangelho Eterno (Ap 14.1) O segundo anjo anuncia a queda de Babilônia, que representa aqui o sistema de governo do Anticristo. O terceiro anjo anuncia advertências para todos os moradores da terra para que não recebam o sinal da besta e nem a adorem-na.

6) ACOLHEITA E O LUGAR DE JULGAMENTO:

O filho do homem é uma figura de Jesus que lança a sua foice do julgamento sobre a terra, pois a mesma já está madura no pecado para a ceifa. Um anjo sai do templo e vai à terra reunir todos os inimigos de Deus, para serem pisados no grande lagar da ira de Deus.

7) O JULGAMENTO DAS TAÇAS:

Essas são as sete taças da ira de Deus. As primeiras três taças são parecidas com as quatro primeiras trombetas, a diferença é que as trombetas tinham o propósito de provocar o arrependimento nos habitantes da terra, e as taças tem o propósito de levar a aniquilação para todos os que não servem a Deus. A quarta taça é derramada sobre o sol, e o homens são abrasados com grandes calores. A quinta taça é derramada sobre o trono da besta, e o seu reino entra em confusão e angústia. A sexta taça é derramada sobre o rio Eufrates, o rio seca e facilita a passagem dos reis ao oriente para se congregarem no Armagedom. A sétima taça é derramada no ar, culminando com uma grande catástrofe, com trovões, terremotos, relâmpagos e saraivas de pedras.

8) O FIM DA BABILÔNIA:

A grande meretriz é a figura escolhida para representar a monstruosa iniquidade da civilização que se rebela contra Deus.

9)O CANTO FÚNEBRE SOBRE A QUEDA DA BABILÔNIA:

Babilônia, que representa a totalidade do sistema mundial ímpio sob o domínio do Anticristo, caiu para sempre, levando a todos que se prostituía com ela a uma profunda tristeza.

10)LOUVOR A DEUS PELO SEU JULGAMENTO E VITÓRIA:

Enquanto na terra havia uma grande tristeza pela queda da Babilônia, no céu havia uma grande alegria, pois Deus julgara a grande meretriz e vingara o sangue dos seus servos.

11)O FIM SEGUNDO O APOCALIPSE:

Este fim está ligado com o começo da Segunda vinda de Cristo a Terra, como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele vem do céu como o Cristo-Vencedor para estabelecer a verdade e a justiça, julgar as nações e aniquilar o mal. Os exércitos de vestes brancas que seguem a Jesus é a Igreja.

12)O MILÊNIO:

Depois que o Anticristo e o Falso Profeta forem lançados no inferno, Satanás será preso por mil anos, e então será estabelecido o Reino Milenar de Cristo aqui na Terra, onde haverá paz e justiça, e toda “a terra encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Is 11.9). Depois dos mil anos, Satanás será solto por pouco tempo para enganar aqueles que se rebelarem contra o domínio de Deus.

13)O JULGAMENTO DO TRONO BRANCO:

Este julgamento será direcionado a todos os não-salvos, que serão julgados segundo as suas obras que estão registradas em livros. A sentença será que todo aquele que não for achado escrito no livro da vida será lançado no lago de fogo.

14) NOVO CÉU E NOVA TERRA:

Deus fará um novo céu e uma nova terra para que os seus filhos vivam com Ele eternamente, sem choro, tristeza, sofrimento ou mal algum, e Deus suprirá todas as suas necessidades.

15) A PROMESSA DE CRISTO E A RESPOSTA DA NOIVA:

O livro de Apocalipse termina com a promessa de que Jesus em breve voltará, a qual João (que representa a todos os filhos de Deus) responde: “Vem, Senhor Jesus”

CONCLUSÃO:

Por mais que hajam divergências sobre a interpretação do Apocalipse, em uma coisa todos concordam: “Jesus voltará para buscar o seu povo, e condenará a todos os que não se converterem a Ele”! Em face desta verdade chocante, quero refletir sobre dois aspectos prioritários e relevantes.

Primeiro, se Jesus voltará para nos buscar, então nós, a Igreja, “devemos viver como peregrinos neste mundo”. Mas, infelizmente, muitos não tem vivido desta forma (a começar por muitos líderes, que queiram ou não, influenciam a Igreja), pelo contrário, o que se tem visto é uma igreja (com algumas exceções) descompromissada da Palavra de Deus, carnal, mundana, materialista e que busca os seus próprios interesses terrenos, com pouco ou qualquer perspectiva da volta de Jesus.

Segundo, se aqueles que não se converterem irão ser condenados ao fogo do inferno, então nós, a Igreja, “devemos fazer todo esforço possível para que a mensagem do Evangelho seja pregada em todo mundo”. Hoje, porém, há um esforço em outro sentido, pois existe uma preocupação em investir mais em construção de templos majestosos do que enviar missionários a países carentes do Evangelho. A visão dos que assim procedem é de terem retorno financeiro com a atração de membros, ao passo que a obra missionária não traz retorno financeiro, só gastos. O retorno da obra missionária é em almas para o Reino de Deus. É de admirar que nas grandes cidades estejam cheias de igrejas coladas umas nas outras enquanto que nas regiões mais pobres e nos interiores quase não há Igrejas ? Enfim, creio que o objetivo maior da revelação do livro do Apocalipse é fazer com que a Igreja ande neste mundo como peregrina e anuncie, com todas as suas forças, o Evangelho de Jesus a todo mundo.

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