segunda-feira, 11 de maio de 2009

O CRISTÃO E O FENÔMENO DA SOCIABILIDADE

Platão e Aristóteles têm influenciado grandemente os pensadores de muitas épocas. Em várias áreas do saber humano moderno aparecem sustentações filosóficas oriundas de um ou outro erudito grego. E isto porque eles conceberam entendimentos contrários sobre um mesmo assunto. Assim, cada um deles teve uma ótica diferente sobre a interpretação do fenômeno da sociabilidade.

Para Platão, o homem, originalmente, era essencialmente “alma”. E nessa condição não tinha necessidade de outras pessoas para se completar e chegar à felicidade, pois de forma independente podia se realizar como homem. Em outras palavras, o homem, nesta ocasião, não era um ser social.

Em virtude da aquisição de grande culpa, o homem é condenado a viver sobre a terra com um corpo, para que através dele possa pagar pela sua culpa e ser purificado, passando, conseqüentemente, a depender dos outros para satisfazer suas necessidades. A partir da obtenção de um corpo, o homem se transforma em um ser social.

Aristóteles, ao contrário de Platão, afirma que o homem é composto de alma e espírito. E que o fenômeno da sociabilidade é algo que está inato ao ser humano. Defende que ele não pode satisfazer suas necessidades de forma autônoma, mas sempre precisará da presença e ajuda de seu semelhante. Para este pensador o homem sempre foi um ser social.

Comparando as duas linhas de pensamentos acima com o cristianismo, podemos concluir que o entendimento aristotélico é o mais coerente com a visão cristã sobre a sociabilidade. A idéia platônica, ao nosso entender, não goza de qualquer respaldo bíblico, pois cremos que o homem sempre foi um ser social. Deus não criou o homem para viver sozinho, mas em sociedade. Ele mesmo disse: “Não é bom que homem esteja só” (Gn 2.18).

Isto nos mostra que o homem é essencialmente, como defendia Aristóteles, um ser social, pois, do contrário, Deus não teria feito uma declaração tão enfática. Ele também deu ordens expressas em duas ocasiões para garantir a sociabilidade entre a raça humana (Gn 1.17,18 9.1), ou seja, abençoou-os para que povoassem toda a terra. Podemos ir mais além. Se Deus criou o homem como um ser social, e o homem é a imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27), podemos concluir que Deus também é um “ser social”. E isto pode ser provado pela multidão de seres angelicais que há no céu (Ap 5.11).

Se Deus não fosse um ser social por que optaria em se cercar de tantas criaturas celestes? E o que dizer da criação do homem? Porventura não foi para ter comunhão com Ele? É claro que Deus é poderoso e auto-suficiente, não carecendo da ajuda de quem quer que seja. No entanto, é fato que Ele, através de sua soberania, tem se revelado como alguém que busca comunhão e relacionamento com suas criaturas. Tem-nos manifestado que, por amor e misericórdia, optou pela sociabilidade em Si e também no ser humano, obra de suas mãos.

E considerando que o Criador é infinitamente benigno e conhecedor de todas as coisas, a decisão em favor da sociabilidade foi a mais bondosa e sábia escolha que Ele poderia ter feito, pois seus eternos e perfeitos atributos não lhe permitiria fazer uma escolha inferior. O cristianismo, portanto, não somente apresenta a intenção divina de vivermos em sociedade nesta terra, como nos garante uma sociabilidade por toda a eternidade com todos os seres humanos salvos em Cristo, com as multidões celestiais, e com o próprio DEUS TRINO, que é o Ser Social por Excelência.

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