terça-feira, 12 de maio de 2009

O CRISTÃO E O CONTEXTO CULTURAL

Há uma corrente de pensamento que defende a idéia de que Cristo é contra a cultura. Argumenta-se que os primeiros cristãos manifestaram essa oposição aos costumes culturais da época em virtude de não se enquadrarem ao sistema vigente por contrariar sua fé. Tertuliano foi um dos apologistas desta posição afirmando que a Igreja não deveria absorver a cultura grega que dominava o Império Romano. Por isso disse: “O que tem Atenas a ver com Jerusalém?”

Compartilhando radicalmente com esta visão, surgem os anabatistas que condenavam enfaticamente qualquer ligação do cristão com o mundo secular. Tinham aversão ao catolicismo romano e aos protestantes por estes estarem de alguma forma envolvidos na cultura secular. Pregavam que o mundo e sua cultura estavam irremediavelmente em maldição, sendo abominável aos olhos de Deus por suas práticas pecaminosas. Os Quakers seguiram os anabastistas no que tange a rejeição cultural. Fora do cenário religioso de oposição à cultura, houve também outros movimentos de rejeição cultural. Os primeiros com o argumento de que para se servir a Deus seria necessário um total rompimento com os padrões culturais humanos, os últimos, no entanto, por nutrir outros ideais. As figuras deste último grupo são: Leon Tolstoi (famoso romancista russo), Nietsche (filósofo alemão), Max (um dos pais do Comunismo), etc.

O Cristo da Cultura Nesta seção Cristo é identificado na própria cultura de seus adeptos. O liberalismo protestante na Alemanha e o Fundamentalismo protestante nos Estados Unidos representam duas escolas opostas que levantam a mesma bandeira do “Cristo da Cultura”. O liberalismo racionalizou a pessoa de Cristo fazendo dele um filósofo e político de seu tempo, negando o sobrenatural de sua vida. Já o fundamentalismo americano cristianizou a idéia de um nacionalismo apoiado nas Sagradas Escrituras. A idéia principal tanto de uma como de outra escola de pensamento é adaptar a fé religiosa aos seus costumes e interesses culturais.

Cristo Acima da Cultura Esta categoria não sugere rejeição nem assimilação à cultura, como as anteriores. Defende que Deus está indiferente com relação ao mundo, preocupando-se exclusivamente com o homem. Segundo esta corrente, o mundo não deve ser abençoada nem amaldiçoado. Cristo e a Cultura em Paradoxo Esta modalidade defende que o cristão tem dupla cidadania. Ele pertence, simultaneamente, à Cidade de Deus e à Cidade do Homem. Argumentam que Cristo e a cultura são um paradoxo, pois não podem se misturar. O cristão deve cumprir o seu papel como membro que é de ambas, sem, no entanto, confundi-las, mas exercer sua função separadamente. Cristo o Transformador da Cultura Esta linha de pensamento, embora reconheça a distinção entre a obra de Cristo e a cultura humana, apregoa que Deus está interessado em transformar a cultura. Vêem a possibilidade de serem instrumentos transformadores de Deus na cultura através da ciência, das artes, medicina, literatura, etc., sem, com isso, crer em um paraíso na terra a partir dessas alterações. Invocam bases teológicas para defender o seu ponto de vista, tais como:
(1) a doutrina da criação
(2) a convicção de que a humanidade está caída e
(3) que o mundo aguarda completa redenção (Rm 8.19-23).

As Escrituras e a Cultura Analisando os textos bíblicos pertinentes, conclui-se que as categorias: “Cristo Contra a Cultura”, “Cristo da Cultura”, “Cristo Acima da Cultura” não encontram respaldo teológico suficiente para suas sustentações. Acredita que a melhor proposta bíblica seria uma equivalente à combinação dos modelos: “Cristo e a Cultura em Paradoxo” e “Cristo o Transformador da Cultura”, argumentando que, embora o mundo pertença a Deus, somos apenas peregrinos, pois nossa verdadeira pátria é o céu.

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