segunda-feira, 18 de maio de 2009

MISSÕES ATRAVÉS DA BÍBLIA

INTRODUÇÃO

Ao levar a sério a ordem da mensagem bíblica, desde o início até o final, vemos que toda a Bíblia é um longo apelo missionário, porque fala sobre o homem perdido e os esforços de Deus para preparar Seu plano salvador e o cumprimento dele através do nascimento, da vida, da morte e da ressurreição do Seu Filho Jesus Cristo. Até os primeiros e os últimos dois capítulos das Escrituras (Gn 1 e 2, e Ap 21 e 22), que falam sobre o mundo sem pecado antes da queda e sobre a segunda vinda do nosso Senhor, apresentam o desafio missionário, porque mostram o alvo da obra missionária, que é o mundo redimido e recriado sem pecado e com a presença visível de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.

1- A Origem da Palavra "Missões"

A palavra "missões" vem do verbo latim "mito", que significa "enviar", tendo o seu correspondente no grego com a palavra "apostello", da qual se deriva a palavra apóstolo, que tem o mesmo significado, ou seja, aquele que é "enviado".

2- O Nascimento de Missões

Cronologicamente falando, missões nasceu antes da fundação do mundo no coração e onisciência de Deus (Ap 13.8 1 Pe 1.18-20 1 Co 2.6,7 Ef 1.4,5 2 Tm 1.9,10).

3- A Primeira Menção Missionária na Bíblia

3.1- Depois que Adão e Eva pecaram, Deus revelou a futura redenção da raça humana (Gn 3.15).

3.2- Ali no Jardim do Éden foi oferecido o primeiro sacrifício de animais em favor do homem, prefigurando assim, o sacrifício perfeito do Senhor Jesus Cristo (Gn 3.21 "E o Deus Eterno fez roupas de peles de animais para Adão e a sua mulher se vestirem" – A Bíblia na Linguagem de Hoje).

4- A Chamada Missionária de Noé

4.1- Noé, sendo um homem justo em meio a uma geração perversa e má, foi chamado por Deus para uma grande missão: construir uma arca (que era um tipo de Cristo) para salvação de todos que cressem (1 Pe 3.20 2 Pe 2.5).

4.2- Tal como houve salvação para Raabe e sua família na destruição de Jericó (Js 6.22,23 Hb 11.31), e para a Cidade de Gibeom na destruição dos Cananeus (Js 9.24,25 10.1,2 11.19,20), assim também Deus estava disposto a salvar qualquer um que se arrependesse mediante a Arca de Noé, e não somente ele e sua família (Ez 18.23 33.11).

4.3- O Dilúvio foi o castigo divino universal sobre um mundo ímpio e imoral. O apóstolo Pedro refere-se ao Dilúvio para relembrar aos seus leitores que Deus outra vez julgará o mundo inteiro no fim dos tempos, mas agora por fogo (2 Pe 3.7,10). Deus conclama os crentes atuais, assim como Ele fez com Noé na antigüidade, para avisar os não-salvos desse dia terrível e pregar o evangelho de Jesus, que é a arca de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Mc 16.15,16).

5- A Chamada Missionária de Abraão

5.1- Em Gênesis 12.1-3, registra-se a chamada de Abraão que dá início a um novo capítulo na revelação missionária do Antigo Testamento sobre o propósito divino de redimir e salvar a raça humana.

5.2- A intenção de Deus era que houvesse um homem que o conhecesse e o servisse e guardasse os seus caminhos (Gn 18.19). Dessa família surgiria uma nação escolhida, de pessoas que se separassem das práticas ímpias de outras nações, para fazerem a vontade de Deus.

5.3- Dessa nação viria Jesus Cristo, o Salvador do mundo, o prometido descendente da mulher (Gn 3.15 Gl 3.8,9,16,18).

5.4- A chamada de Abraão o levou a separar-se da sua pátria, do seu povo e dos seus familiares (Gn 12.1), para tornar-se estrangeiro e peregrino na terra (Hb 11.13). Em Abraão, Deus estava estabelecendo o princípio importante de que os Seus devem separar-se de tudo quanto possa impedir o propósito divino na vida deles (At 20 22-24).

5.5- Deus prometeu a Abraão que através dos seus descendentes fluiria uma "bênção que alcançaria todas as nações da terra" (Gn 12.2,3 Rm 4.16,17). O Novo Testamento ensina claramente que a última parte dessa promessa cumpre-se hoje na proclamação missionária do evangelho de Cristo (At 3.25 Gl 3.8).

6- A Chamada Missionária de Moisés6.

6.1- Moisés é o tipo do missionário que é enviado por Deus para libertar o povo da escravidão do Egito (um tipo do mundo) e da opressão de Faraó (um tipo de Satanás) para uma terra que mana leite e mel (um tipo do céu).

6.2- Analisando Êxodo 3.7-12, percebe-se cinco características fundamentais no chamado missionário de Moisés que é aplicável também em nossos dias:

6.2.1- Nos versículos 7 e 9 Deus revela que não está alheio ao sofrimento do povo, mas que tem conhecimento do mesmo – Rm 3.23.

6.2.2- O versículo 8 nos diz que o próprio Deus desceu para livrar o povo – Jo 8.56-58.

6.2.3- No versículo 10 vemos Deus enviando um representante Seu para cumprir o Seu plano de salvação – Mt 28.19 Mc 16.15 Lc 24.47 Jo 17.18.

6.2.4- O versículo 11 revela a incapacidade do representante de Deus para cumprir a missão recebida – Jo 15.5.

6.2.5-No versículo 12 vemos Deus capacitando o Seu representante para o cumprimento da missão com sucesso – At 1.8.

7- A Chamada Missionária de Israel

7.1- Muitos acham que a visão missionária não soa tanto no Antigo Testamento. Isso se deve pelo fato de muitos não compreenderem que Deus estava preparando a nação de Israel como luz do mundo em meio aquele mundo pagão. Você percebe claramente isso em Êxodo 19.4-6, Salmos 67 e principalmente Gênesis 12.1-3.

7.2- O plano missionário de Deus para Israel se fundamentava em três pontos:

7.2.1- Israel seria a Sua "Propriedade Peculiar dentre todos os povos" (Gn 19.5).

>Isto implica dizer que pelo fato de Israel estar aliançado com Deus pertenceria a Ele e se chamaria pelo Seu nome, tornando-se o único povo monoteísta, ao contrário de todos os outros povos e nações que adoravam vários deuses.

>Entretanto, o amor de Deus não se limitava somente a Israel, mas igualmente Deus amava as outras nações (Am 9.7 "O Deus Eterno diz: Povo de Israel, eu amo o povo da Etiópia tanto quanto amo vocês. Assim como eu trouxe vocês do Egito, eu também trouxe os filisteus da ilha de Creta e os arameus da terra de Quir". A Bíblia na Linguagem de Hoje).

7.2.2- Israel seria um "Reino de Sacerdotes" (Gn 19.6).

>Uma vez que a função do sacerdote é ser um intercessor e mediador entre duas pessoas, Israel foi designado como uma nação de intercessores e mediadores diante de Deus em favor das nações idólatras.

7.2.3- Israel seria uma "Nação Santa" (Gn 19.6).

>Deus prometeu a Abraão que "em ti serão benditas todas as famílias da terra" (Gn 12.3), e parte dessa promessa começaria a se cumprir com os seus descendentes – Israel. Todavia, era imperativo que a nação fosse separada e consagrada totalmente a Deus, e não se misturasse com as práticas pecaminosas de outros povos os quais eles deveriam atraí-los a Deus – Missão Centrípeta (1 Pe 2.9).

8- A Chamada Missionária de Isaías

8.1- O capítulo 6 do livro de Isaías registra a forma sobrenatural de sua chamada como profeta às nações, mas também registra a sua chamada e consagração como missionário ao seu povo, na tentativa de trazê-los de volta a Deus e livrá-los do futuro cativeiro babilônico (Is 1.16-20).

8.2- Podemos aprender com cinco acontecimentos marcantes na chamada de Isaías:

8.2.1- Isaías viu a santidade de Deus (Is 6.1-3).

8.2.2- Isaías reconheceu a sua impureza e corrupção diante da presença de Deus, e clamou por misericórdia (Is 6.5).

8.2.3- Isaías é perdoado e purificado de sua impureza (Is 6.6,7).

8.2.4- Isaías, estando já purificado e santificado, ouve o apelo de Deus (Is 6.8-A).

8.2.5- Isaías voluntariamente se apresenta para ser enviado por Deus (Is 6.8-B)

.9- A Chamada Missionária de Jonas

9.1- Jonas foi chamado por Deus como missionário a uma nação perversa, cruel e imoral – Nínive, capital da Assíria (Jn 1.1,2). A obra missionária sempre foi utilizada por Deus para alcançar justamente os perdidos (Mt 9.12 Lc 19.10).

9.2- Israel odiava os assírios, por isso Jonas fugiu da chamada divina, recusando-se a entregar a mensagem de Deus à Nínive, porque receava que os seus habitantes se arrependessem e se livrassem da destruição iminente (Jn 4.1,2).

9.3- Jonas não queria que o Senhor tivesse misericórdia de nenhuma nação, exceto Israel, e sobretudo que não tivesse compaixão da Assíria. Jonas se esquecera de que o propósito supremo de Deus para com Israel era que este fosse uma bênção para os gentios (Gn 12.3 Is 49.6).

9.4- O coração de Jonas estava tão obstinado e endurecido que mesmo tendo conhecimento da vontade divina em perdoar o povo de Nínive, ele nutria a esperança de Deus mudar de idéia e destruir a cidade (Jn 4.5).

9.5- A característica principal do coração impiedoso de Jonas era o egoísmo, pois ele estava mais interessado em seu próprio conforto do que na salvação de milhares de pessoas (Jn 4.9-11).

9.6- Cristo nos confiou uma tarefa missionária maior do que a de Jonas – pregar o evangelho ao mundo todo, entretanto, tal como Jonas, muitas igrejas pouco ou nada se interessam pela obra missionária.

10- A Chamada Missionária de Jeremias

10.1- Não obstante Jeremias tenha recebido um chamado de Deus para ser um profeta ao Reino do Sul e a algumas nações, ele também foi chamado como um missionário ao seu próprio povo, como uma última tentativa de Deus para livrá-los da destruição iminente (Jr 7.1-7).

10.2- Israel não só fracassou em cumprir o seu papel de missionário às nações como também desceu ao mais baixo nível de idolatria, imoralidade e corrupção perante Deus, tornando-se pior do que muitas nações que não conheciam a Deus (Jr 2.10,11,21 19.4,5).

10.3- Com o fim de livrar o Seu povo do cativeiro babilônico, a princípio Deus enviou Jeremias com uma mensagem que despertasse no povo arrependimento (Jr 26.1-3), porém esta primeira tentativa de Deus não trouxe resultados satisfatórios (Jr 26.7,8).

10.4- Uma vez que o povo não quis se voltar para Deus, e o Reino do Norte (Israel) já havia sido levado para o cativeiro Assírio, Deus tentou mais uma vez poupar ao Seu povo de tamanho sofrimento, dessa vez pedindo submissão ao rei da Babilônia (Jr 27.12,13 38.17,18,23).

10.5- Jeremias cumpriu o seu ministério com fidelidade, mas o coração daquele povo não era uma boa terra para receber a boa semente da palavra de Deus, e por isso, a sua mensagem não pôde livrar o seu povo do cativeiro babilônico:

10.5.1- Condição do povo no início de seu ministério (Jr 5.1 6.10,16,17).

10.5.2- Condição do povo no final de seu ministério (Ez 22.26-31).

11- Jesus, O Maior Missionário

11.1- Jesus foi o maior missionário que este mundo jamais viu. É impossível compreender a vida e o ministério de Jesus fora do contexto missiológico. Foi o Seu amor pelo mundo perdido que o trouxe do lar da glória a este mundo, onde deu a Sua vida na cruz do Calvário para redenção de todas as tribos, línguas, povos e nações (Jo 3.16 Ap 5.9,10).

11.2- Jesus é o nosso modelo e padrão de missionário, pois da mesma forma como Ele foi enviado pelo Pai Ele também nos enviou (Jo 17.18,20).

11.3- Fomos chamados para dar continuidade ao ministério missionário do Senhor Jesus (At 1.1 Hb 2.3,4).

11.4- Para continuarmos a obra missionária que Jesus iniciou, temos o grande desafio de fazermos as mesmas obras que Ele fez (Jo 14.12).

12- A Igreja e a Obra Missionária

12.1- Com Jesus, o Reino de Deus está entre os homens. Ele organiza um movimento que divulga o Reino. Primeiro, envolvendo os doze (Mt 10.5-8). Depois, numa segunda etapa, envolvendo setenta (Lc 10.1). Em etapa última, o envio não é mais de um grupo, mas de toda a comunidade dos salvos (Mc 16.15 Mt 28.18-20).

12.2- A Igreja entendeu que sua missão era mundial:"(...) ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra" (At 1.8). Primeiro ela se dirigiu aos judeus (Lc 24.47 At 13.46). Não só porque os judeus tinham as promessas (Rm 9.4,5), mas porque a própria Igreja era composta por elementos de cultura judaica.

12.3- A Igreja, enfim, rompe com o judaísmo e perde sua visão exclusivista. Foi, porém, um rompimento custoso. Havia um preconceito muito forte contra os gentios arraigado na mente dos judeus. Em Atos 10.9-23 tomamos conhecimento do trabalho que Deus precisou desenvolver com Pedro para direcioná-lo à casa de Cornélio. Foi preciso que por três vezes uma voz do céu, que Pedro identificou como sendo de Deus, lhe dissesse: "não chames tu comum ao que Deus purificou" (comum, aqui, está associado a imundo, impuro, do ponto de vista ritual, diferente de algo que um judeu poderia tocar).

12.4- Pedro reconhece que o evangelho não é uma mensagem de propriedade exclusiva dos judeus (At 10.34,35 15.6-11).

12.5- A vinda do Espírito Santo sobre os gentios produziu um grande espanto nos cristãos de origem judaica (At 10.45). Isso porque, no Antigo Testamento, o Espírito não era de todos, mas de uma elite "espiritual", e eles não podiam imaginar que algo tão precioso fosse derramado sobre gentios, a escória do mundo, segundo pensavam. À luz desse fato, de o Espírito vir sobre os gentios, é que decidiram balizá-los, aceitando-os como membros da Igreja (At 10.46,47).

12.6- Somente após a explicação de Pedro (At 11.4-17) é que os primeiros cristãos entenderam que o evangelho era de alcance mundial: "Ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Assim, pois, Deus concedeu também aos gentios o arrependimento para a vida" (At 11.18).

13- O Espírito Santo e a Obra Missionária na Vida de Paulo

13.1- A história da vida de Paulo como missionário é um exemplo excepcional. Nele vemos uma pessoa que pela operação do Espírito Santo dedicou-se inteiramente ao chamado do Senhor (At 13.2).

13.2- Veremos as manifestações do Espírito Santo na vida de Paulo como missionário enviado pelo Senhor.

13.2.1- O Espírito Santo encheu Paulo do amor de Deus.

>Este amor torna o crente disposto a entregar a própria vida pelas almas perdidas (1 Jo 3.16).

>O amor sente compaixão pelos perdidos (Mt 9.36-38), e procura fazer de tudo para ganhá-los (1 Co 9.22).

>Paulo era dominado por este amor, ele estava sempre disposto a, de boa vontade, deixar-se gastar para ganhar as almas (2 Co 12.15).13.2.2- O Espírito Santo capacitou Paulo para dar sua vida em sacrifício vivo a Deus.

>Ele chegou à situação de poder dizer "e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim" (Gl 2.20). Para Paulo, a sua vida era Cristo, e seu intenso desejo era que Cristo fosse engrandecido no seu corpo, fosse pela vida, fosse pela morte (Fp 1.20-21).13.2.3- O Espírito Santo operou poderosamente na vida de Paulo.

>O poder de Deus operava por meio do ministério de Paulo como um arado, abrindo profundos sulcos no coração do povo, preparando os corações para receberem a semeadura da Palavra (At 19.11,12 Rm 15.18,19).13.2.4. O Espírito Santo operou na vida de Paulo uma total dependência de Deus.

>Paulo entendia que tudo o que havia sido feito através de seu ministério era uma operação da graça divina (1 Co 15.10). >Ele conhecia a sua grande limitação a ponto de dizer: "Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes der ser ministros…" (2 Co 3.5,6).13.2.5- O Espírito Santo deu a Paulo a visão da vitória que sempre acompanha o evangelho.

>Ele pregava com muita ousadia o evangelho de Cristo, que é "o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Rm 1.16). A sede de ganhar almas para o Senhor, o impelia sempre para frente (Fp 3.13,14).

CONCLUSÃO

É a missão da Igreja proclamar o Reino de Deus e chamar ao arrependimento o mundo perdido. Partidos políticos não podem fazer isso. O governo não pode fazê-lo. O que o evangelho pode fazer pelos homens nenhuma ideologia política o pode, nem filosofia humana. Só o evangelho. Nós o temos. Nós o professamos como verdade e como poder de Deus para salvação de todo aquele que crê. Nós somos a Igreja de Cristo. Esta tarefa é nossa e de mais ninguém. Se não a fizermos, ninguém mais a fará. Vamos fazê-la. Sejamos conscientes de nossa vocação missionária. Perder esta consciência, abafar essa vocação, é negar nossa razão de ser.

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