terça-feira, 7 de junho de 2011

O CONTROLE DAS EMOÇÕES

O CONTROLE DAS EMOÇÕES

Desde os tempos de Platão, o senso de autodomínio, de poder agüentar as tempestades emocionais que trazem as desgraças da sorte sem ser "escravos da paixão", tem sido louvado. O objetivo que devemos atingir é o equilíbrio mental e psicológico não a eliminação das emoções: todo sentimento tem seu valor e sentido. Mas, precisa-se da emoção controlada, o sentimento proporcional à circunstância. Quando as emoções são abafadas demais, criam o embotamento e a distância; quando extremas e persistentes demais tornam-se patológicas, como na depressão paralisante, na ansiedade esmagadora, na raiva demente e na agitação maníaca.

As pessoas não precisam evitar sentimentos desagradáveis, eles podem contribuir para uma vida criativa e espiritual. Só devemos impedir que eles desloquem contigo todos os demais estados de espíritos agradáveis. Controlar nossas emoções é uma atividade de tempo integral: muito de que fazemos é uma tentativa de controlar o estado de espírito. Tudo, desde ler um romance ou ver televisão até as atividades e companhias que preferimos, pode ser uma maneira e nos sentirmos melhor.

No plano do cérebro muitas vezes temos pouco ou nenhum controle sobre quando seremos arrebatados pela emoção e sobre qual emoção eclodiremos. Mas podemos ter alguma voz sobre o quanto durará uma emoção. A tristeza, preocupação ou ira habituais passam com o tempo, mas quando as emoções são intensas demais como a ansiedade crônica, a ira descontrolada ou a depressão, podem exigir medicação e/ou psicoterapia.

Hoje, um sinal da incapacidade de autocontrole emocional pode ser o reconhecimento de quando a agitação crônica do cérebro emocional é demasiado forte para ser superado sem a ajuda farmacológica.

Mecanismo da Raiva e seu Controle

"A ira jamais é sem motivo, embora raramente um bom motivo". (Benjamim Franklin). Em parte a afirmativa acima é confirmada em Goleman quando acha que deve haver liberação da ira até mesmo com perda da cabeça, mas nunca devendo resultar em comportamentos induzidos por ela.

Existem vários tipos diferentes de raiva. As amídalas bem podem ser uma fonte principal da súbita centelha de cólera que sentimos quando estamos em perigo. Mas é mais provável que no outro extremo dos circuitos emocionais, o neocórtex, fomente raivas mais calculadas, como a fria vingança ou indignação com a injustiça. De todos os estado de espírito de que as pessoas querem escapar, a raiva é aquele que elas têm mais dificuldade para controlar. Ela é a mais sedutora das emoções negativas. Ao contrário da tristeza, a raiva energiza e até mesmo exalta. As pessoas inundam a mente dos mais convincentes argumentos e justificativas para dar-lhe razão. O poder sedutor e persuasivo da raiva pode em si explicar porque algumas opiniões sobre ela são tão comuns: que é incontrolável ou que, não deve ser controlada e que lhe dar vazão numa "catarse" faz bem. Esta visão em relação à raiva é enganosa. Ela pode ser inteiramente evitada se evitarmos ruminações e procurarmos ver as coisas de uma outra forma, encontrar o lado positivo da situação.

Um disparador universal da raiva é "estar em perigo". O perigo pode ser uma ameaça física direta, ameaça simbólica a auto-estima ou dignidade, tratamento injusto ou grosseiro, insulto ou humilhação etc. Essas percepções atuam como gatilho instigante de uma onda límbica, que tem um duplo efeito sobre o cérebro. Uma parte dessa onda é a liberação de catecolaminas, que geram um rápido surto de energia que dura alguns minutos, durante os quais o corpo se prepara para uma boa briga ou fuga, dependendo de como o cérebro racional avalia a posição. Outra via impulsionada pela amídala percorre o ramo hipotálamo-adrenocortical, cria um passo de fundo tônico geral de prontidão para a ação, que pode durar horas ou até mesmo dias fazendo com que o cérebro fique em vigia e reações posteriores formem com total rapidez. Quando o corpo já se acha em estado de irritação devido a algum estímulo, pode disparar, um seqüestro emocional de intensidade especialmente grande. Esta dinâmica atua quando alguém se zanga. A raiva não tolhida pela razão facilmente explode em violência. Nesse ponto, as pessoas não perdoam e estão além do alcance da razão, que com ela ficou conivente. Seus pensamentos giram em torno da vingança e represália, indiferente às conseqüências.

A raiva pode ser completamente interrompida se uma informação mitigante vier antes\que se dê vazão a ela. Pois esta informação mitigante permite uma reavaliação dos\atos que provocam a raiva. Mas ela só funciona em níveis controlados de raiva, pois\em níveis mais elevados para certos indivíduos há uma "incapacitação cognitiva" – as pessoas não mais pensam direito.

Outro poderoso artifício moderador do estado de espírito é a distração, a diversão, mudar de ambiente, afastar-se da outra pessoa no momento da discussão. Dar vazão à raiva é uma das piores maneiras de esfriar: as explosões de raiva tipicamente inflam o estímulo no cérebro, deixando as pessoas mais iradas. Talvez soltar a raiva funcione: quando ela é expressa diretamente à pessoa visada, quando devolve o senso de controle ou corrige uma injustiça. Porém, muito mais acertivo é a pessoa esfriar o cérebro por criar alternativas intelectuais e depois de forma mais construtiva enfrentar a outra pessoa.

Funkestein, 1969. A fisiologia do medo e da raiva. In Scientific American, Psicobiologia. São Paulo: Polígono, 209-214.

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